segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tanta coisa mudou de lugar e eu nem me dei conta. Como o meu eu pode ficar tão longe de mim? É possível se perder no meio de tantas perguntas e pensamentos e ideias que rondam os meus dias e as minhas noites em busca de soluções, de resoluções, de conspirações, de entendimentos. Me tiram o sono, me tiram a fome, me tiram do sério. Mas não mexem no que deviam mexer. Eu continuo fugindo do que eu não sei. Correndo atrás de não sei o que. Esperando algo além do nada. É um vazio. Um vazio que não consegue ser preenchido por nada. Não há som, não há cor, não há aroma que de conta de ocupar esse espaço. E quanto mais eu tento colocar coisas aqui dentro, parece que elas ficam menores, e que o vazio aumenta, e aumenta, e parece não ter fim. Afinal, será que tem fim? Ou eu sempre vou ser um espaço vazio ocupando espaço nenhum?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sentidos

Tudo aqui é extremo. Cheio do vazio, cheio da falta de ar, cheio de ausências. Tudo aqui é presença. Presença da saudade, presença do som das vozes, das melodias das músicas.

É poético, musical, viral. Feito das letras unidas, não das palavras formadas. Tudo é junção, combinação. Nada programado. Nada comparável. Cada vez mais distante das convenções. Cada vez mais fechado na nossa bolha de ar.

Sem restrições de tempo, de desejo, de volume. Tanto alto, quanto denso. Caminha pelo tempo como frágil ipê que ao final da estação sai voando com o vento, para no próximo ano estar ali de novo. Florido. Florindo. Enchendo a rua de cor, de cheiro, de emoção. Pintando a calçada de velhas histórias, tão atuais como as músicas quem um dia ouvimos juntos.


domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre eu, você e o passado

Dizer o que depois do que foi dito?
Argumentar o que?
Eu não amei aquele cara, eu tenho certeza disso.
Mas era o que?
Eu estava feliz, estava tranqüila, bem sintonizada.
Não era amor.
Não, não era.
Era uma sorte, uma travessura, uma sacanagem, dois celulares desligados...
Não, não era amor
Era inverno, prazer e medo
Não era amor
Era melhor!


do filme Divã.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não brinque comigo

Isso vai doer nele, vai doer nele não ser homem para ela e tentará não mostrar que está sangrando. Seguirá caminhando com a cabeça erguida até o fim da cicatriz, até que o joelho de sua boca canse de sangrar o mesmo sangue.

Tudo foi brincadeira porque ela zombou da possibilidade do amor e ele se acovardou e calçou novamente os sapatos e se viu nu enquanto ela ia e recolheu os cabelos que cresciam de seus cílios.

Tudo foi brincadeira, o pescoço de hortelã, as infâncias sentadas no portão de ferro controlando a cor dos carros, a fome esquecida para ficar mais tempo juntos.

Tudo foi brincadeira, a cumplicidade, a intimidade. O período em que fiavam seus segredos, que se confessaram como nunca antes, que se abriram como amantes.

Tudo foi brincadeira, tudo será sempre uma brincadeira sádica, uma brincadeira cruel, quando apenas um dos dois estiver amando.

Carpinejar, do livro Canalha!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tédio

Minhas banalidades não lhes interessam, e dificilmente eu poderia culpá-los por isso. Agora, tudo isso é história antiga. Mas o que mais eu tenho a oferecer? Nada de novo me acontece.

Novos tempos

Agora ela sabe que viver ao lado deles não é o que a mantém viva. O coração se aperta na despedida e rosto se enxarca de lágrimas, é inevitável. Encontrou um estranho conforto em si mesma. No meio das malas que mal cabem no quarto improvisado. Eles são parte da razão da vida, da base, da sobrevivência. São deles os abraços cheios de braços, os pensamentos de olhos fechados, os 'eu te amo' de todas as noites. Porém, já não presenciam os sorrisos das manhãs, as refeições à mesa, dos esquentas para a noitada. Talvez ela tenha encontrado um ponto de equilíbrio, ou já não pode perceber que essa balança está quebrada.

domingo, 11 de julho de 2010

Se isso não é amor...

Eu quis, eu esperei, eu tentei.
Rezei todos os dias por um pouco mais de luz, um pouco mais de força, um pouco mais de compreensão. Pedi perdão na consciência e ensaiei muitas vezes a nossa redenção. Desejei aquele abraço que me apoiou, aquela alegria que me arrancava da depressão, aqueles problemas que me levavam ao nosso consultório emocional. E sei que o tempo dá um jeito em tudo, e mesmo sem as tradicionais convenções, e entendendo que o que é verdadeiro pode ser eterno, as coisas saem de mim, tão verdadeiras, quanto as dúvidas sobre a nossa existência.
Valeu a pena. E tudo vale a pena. Na medida exata da nossa consideração.



São pensamentos soltos
Traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nueva vida

Nadie vive en un medio. Nadie sonríe a la mitad. Nadie llora por la mitad. Que no se le permitirá sobrevivir a la mitad. O si vive o muere. En este mundo de trampas, de las mutaciones, es el momento de crecer alas e ir a por mi historia.

sábado, 1 de maio de 2010

Samba de amor e ódio



Não há abrigo contra o mal, nem sequer. A ilha idílica na qual, a mulher e o homem vivam afinal, qual se quer, tão só de amor num canto qualquer.

Erra quem sonha com a paz, mas sem a guerra.O céu existe pois existe a terra, assim também nessa vida real. Não há o bem sem o mal. Nem amor sem que uma hora o ódio venha. Bendito ódio! Ódio que mantém a intensidade do amor. Seu ardor, a densidade do amor, seu vigor. E a outra face do amor vem a flor. Na flor que nasce do amor.

Porém há que saber fazer sem opor, o bem ao mal prevalecer. E o amor ao ódio incerto em nosso ser se impor. E a dor que acerta o prazer sobrepor. E ao frio que nos faz sofrer o calor. E a guerra enfim a paz vencer.


(Pedro Luís e Carlos Rennó)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Perigo de solidão

Há um perigo imenso em tentar manter distância do passado. A distância não é segura. Segurança seria se eu estivesse perto, com medo, pensando em solidão. Estar só é estar distante e ao mesmo tempo estar em perigo constante. É acreditar que nas lembranças encontrará companhia, afago, amor. Pode-se descobrir um amor de anos atrás, que na época não foi vivido por cegueira. Ou, acreditar que ainda é apaixonada por aquele cara, que o romance nunca vingou. Descobrir ou acreditar que se foi feliz, que foi amada, que foi envolvida. E agora, não há nada. O físico está longe. O perigo maior sou eu mesma. E como fugir de mim?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Grito de desespero

Então me diga, o que é que se faz quando já não temos mais esperança? De que me vale uma vida nova se eu não estou feliz? Será que todos os sonhos que eu sonhei eram apenas ilusão, a foto abstrata de uma realidade que eu nunca viveria? Eu não me reconheço mais, na verdade, eu não me conheço mais. E temo por isso. Onde foi que eu perdi minha essência? Onde foi que eu me perdi do meu eu? E se tudo o que eu tenho de mais importante está ligado ao passado, está ligado ao que foi verdadeiramento a minha vida, como posso, hoje, não tendo nada de motivador, a não ser a minha própria existência, encontrar motivos pra fazer algo além de sobreviver? Deus, espero que me perdoe por essas palavras, mas o que eu mais temi a vida inteira aconteceu. Mexer no que estava bom pra não encontrar a satisfação no NOVO. O novo onde as coisas não dão certo pra mim, e que eu tenho como companhia nada mais do que a minha própria solidão. É possível viver assim? Digo, é possível sobreviver assim? Peço pelo meu tempo de volta, mas é inútil. Tudo muda tão rápido, como se eu nunca tivesse pertencido a outro lugar. O fato é que minha vida nunca vai ser a como era antes, e consequentemente, eu não serei igual. Ai mora mais um medo: será que meu novo eu, ainda que indesejado por mim, será aceito pelos outros? Amigos, família, amores? E como posso eu pensar num futuro melhor, se o meu presente é tão diferente e ao mesmo tempo tão sufocante como meu passado? Preciso de uma luz, mas não sei se meus olhos ainda preservam tal sensibilidade para enxergar.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Tem uma coisa que bate a porta, mas ainda não tem nome. É o que popularmente se chamaria de decepção. Mas aqui foi mais forte, mais intenso. Deixou marcas que nenhum machucado foi capaz. Me pergunto frequentemente se eu conheço as pessoas com que convivo. Assim como frequentemente recebo surpresas não tão agradáveis. Quando o pedido de tempo se faz necessário imagino que as coisas não tenham concerto. Sempre acreditei que o tempo é o fim não declarado. E acho que mais uma relação teve seu fim. Mesmo quando falamos em amizade, falamos em relacionamento. E todo relacionamento tem crises. Tem altos e baixos. E a vida segue, mesmo que com um gosto mais amargo nos próximos dias...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pra que tanto?

Frustração que aflige a alma de alguém. Transforma tudo em dor, em sofrimento. E os olhos, já tão baços de esquecimento e desilusão, que o que era pra ser alegria e festa, vira reclamação e tédio. Despenca do alto da expectativa e cai, de cara e coração no chão. Quebrando mais um período de entusiasmo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Seria saudade.

É isso que sou: um cofre, uma urna daqueles sonhos perdidos, do sonho de uma república e do sonho de um amor que se gastou no tempo e nas estradas desta vida, mas que ainda arde em mim, sob essa minha pele agora tão baça, com a mesma pulsação inquieta daqueles anos.


(Leticia Wierzchowski, A Casa das sete mulheres)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Vinte?!

O problema em deixar das fraldas é que logo as expectativas sobre seu futuro aumentarão.
O problema da sua idade não poder ser mais contada nas duas mãos, é que agora seu mundo é bem maior, você se sente pequeno, as expectativas continuam aumentando
e as lembrças vem pela boca dos outros: - Nossa como você cresceu! Tá uma mocinha já! Te peguei no colo sabia?!
Agora o problema de se ter vivido duas décadas é que você mesmo passou a criar expectativas. As vezes se frustra diante da derrota, tem medos, sonhos, amores impossíveis.
E nada do que cresceu com você é esquecido.
Eu brincava de comidinha com barro bem vermelho e água, chegava suja em casa e ouvia uma bronca imensa vinda mãe.
Larguei as bonecas pra viver meu conto de fadas, o primeiro amor, deu certo enquanto durou. Muitas lágrimas rolaram.
Vivi amores de carnaval que duraram o ano todo, outros que acontecerão até fora de época, mas que foram avassaladores.
Tive amigos de infância, amigos da igreja, amigos da rua, amigos do teatro... e hoje sou grata a Deus por terem eles como parte da minha vida.

Sim, vinte anos de lutas e glórias. De consciência, embriaguez, incompreensões, estudos, entendimentos, paixões, teatro, reggae, tiro ao alvo, bossa nova,
verdades encobertas, aumento de peso, crescimento infinito.
E aquelas expectativas continuam, só que hoje elas vem de mim mesmo, até onde eu vou chegar, eu não sei, mas o questionamento é contínuo: - E ai, o que temos pra amanhã?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Imperfeição


Eu entendo que pra uma pessoa ser feliz ela deve primeiramente se olhar no espelho e se descrever, da forma mais exata possível.Da forma que só o seu interior pode conhecer. Claro que existem cantinhos impossíveis de se chegar, de se descobrir. Mas entender-se e aceitar-se é o melhor caminho.
Você não deve pedir desculpas pelo pessoa que você é, isso não tem cabimento. As pessoas gostam de você pelo jeito que você é. Isso pode ser ofensivo, humilhante. E ofender-se e humilhar-se não é direito, não é racional. As pessoas são do jeito que são, e devem aceitar-se assim, amar-se assim. Só então estarão preparadas para amar e aceitar as outras pessoas. Mas enquando você não estiver convicto do seu amor próprio, você vai estar buscanco o amor no outro e assim, abrindo caminho pra situações desconfortáveis, pra sofrimento, desilusão, humilhação.
Mas é importante você enxergar os erros e aprender com eles. Crescer com eles. Ser uma pessoa melhor. E não ficar usando a mesma tática, jogando o mesmo jogo, esperando o mesmo amor. O amor perfeito. Os amores são imperfeitos, tanto quanto os seres humanos.


domingo, 10 de janeiro de 2010

Respostas

Passei dias pensando em algo pra lhe falar. Algo que respondesse as suas perguntas. Mas minha cabeça nunca é objetiva suficiente para tuas dúvidas. Vivi doze meses ao teu lado, no que simulava uma sessão de terapia sem fim. Onde os encontros e desencontros entre os teus vários "EU" eram vários, que sempre tiravam o meu eu do lugar. E dai eu tinha que flutuar acima de você pra me encontrar. Nunca consegui decifrar qual de você gostava de mim. Mas o meu eu gostava de todos você.
As vezes era frustrante te ver em crise, te ver cheio de perguntas e comentários sobre um mundo que não era o meu, e bem, nem sei se é o teu. Toda a tua articulação com palavras, músicas e letras era tão fascinante que eu só pensava em não desperdiçar nenhum momento daquele pensando em mim. O meu eu vinha depois. Sozinha no quarto, com a cabeça no travesseiro, fotografando na memória cada momento, cada palavra, cada gesto.
Infelizmente, minha mente aberta parecia não ser tão aberta quanto a sua. Teus planos eram tão frios pra mim. O principal, de não se apegar, não funcionaria. Não existia fundamento pra isso. E isso fazia com que o meu eu se perdesse de novo.
Você exercia um fascínio imenso sobre mim, beirava paixão. O apego da minha parte aconteceu, e está vivo até hoje. Eu cheguei a acreditar em amor. Mas amor não podia ser real e não era.
Alguns dos seus "EU" me faziam bem. Eu era feliz tentando decifra-los, tentando construir teorias para cada comportamento, cada forma de agir, cada tipo de música que eu era induzida a escutar. Todas as loucuras e formas estranhas de comportamento me desligavam do meu mundo, e me levavam direto para um mundo criado por nós, ou criado por você. Onde eu era estranhamente feliz, e gostava dessa felicidade proporcionada por acasos, risos, planos, cigarros, fumaça, edição de programa. Cada novidade era uma bomba, onde você estava prestes a explodir para compartilhar e eu pronta pra ser atingida por um turbilhão de sensações.
Eu gostava de você. Gostava de estar com você. A saudade muitas vezes me pegou e me virou do avesso, mas você me fez visualizar teu espaço, e eu aprendi a respeitar teus tempos, assim descobri os meus. Queria ter mais evidências da nossa história. São tantas lembranças que ficam apenas na memória, e que rolam pro coração virando sorriso, lágrimas ou declarações. Considere-se amado por mim. Num tempo em que eu acreditava em amores impossíveis.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

coragindo

Há tantas coisas que eu queria te falar. Já faz muito tempo, eu sei. Mas você deve saber como é desconfortável quando sente que tem uma coisa mal resolvida dentro de você? Você é assim pra mim, na verdade é muito pior. Todo mundo tem um ponto fraco, você é o meu, por que não? Você é o eterno dentro da classificação incosciente que o meu coração faz. Entra ano, sai ano e essa angústia continua. Os romances vão e vem, mas quando terminam é em você que eu penso. É o nosso tempo que me deixa saudade, é pra nossa história que eu queria uma nova oportunidade. Fazer tudo novo, fazer tudo de novo. Fazer esse sentimento crescer, amadurecer ou morrer de vez, nunca se sabe. Mas eu gosto de você. Gosto mesmo de você. Talvez você nunca entenda as circunstâncias passadas, e talvez elas nem venham mais ao caso. O que importa é que eu desejo que um dia exista EU e VOCÊ. Tomara que os astros, e a sorte também, estejam ao meu favor!

Parte I

Ahh a felicidade. O que é que isso deve ser exatamente? Hoje eu me descobri mais leve, com uma cor melhor, com os pensamento mais organizados. Será isso? Lendo meu acervo de versos vi como aquelas coisas não combinam com a mulher que sou hoje. Não me sinto só, tenho a mim mesma. E isso me basta. SIM, ficar comigo mesma era do que eu precisava. Hoje eu sou feliz!