quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Incerta

O coração não tem rumo. Está afundando em um rio gelado e de forte correnteza. A água fria confunde os pensamentos da pobre moça, que não sabe ler mapas e muito menos decifrar códigos. Seus e deles. Sim, eles. Não teve um momento de baixa adrenalina nos últimos três anos. A não ser quando ela procurou o rio para se afundar. Agora fecha os olhos e todas as lembranças vêm à cabeça, cutucar erros e feridas. E ela já não sabe mais se amor é carência, espiritualidade ou simplesmente amor. O amor pode mudar não pode? Pode mudar o tipo do amor? Ela se engana sim. Entrega-se a breves devaneios. Quando acorda não quer levantar. Espera pelas águas geladas do rio, para quem sabe esquecer essas idéias errôneas e confusas com que sonhou, e pensou, e imaginou. Seu mundo é confortável demais, aventureiro demais. Proporciona coisas que só ela entende. Sentimentos que nem ela compreende. Mas sabe que tem medo da mudança. Medo da insegurança. Medo da mentira. Ela não sabe quando está enganando a si mesma. Só quando a dor bate, ela sabe que foi enganada. E os olhos ao seu redor, que nunca esclarecem as opiniões, só a fazem desejar mais e mais as águas frias, impedindo-a de cometer erros, sofrimentos e dor. O tempo que passa devagar, ou as sensações que se fazem rápidas demais, confirmam isso: talvez ela tenha medo de se entregar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Agora é hora de vibrar!

Como fugir dos teus longos braços, que em forma de “C” me enlaçam num abraço apertado. Quente e cheio de vida. Sutil e fraternal. Que instintivamente me protege, me aquece, me faz sonhar. De tuas mãos que prendem as minhas, como palha que não foge do fogo. E já é difícil se distanciar do fogo, do calor, da umidade dos olhos. Do cheiro fresco e floral que envolve a minha pele, minhas roupas, meu paladar. Torna as noites mais serenas, os dias mais ansiosos, os sonhos mais bonitos. Desperta sensações adormecidas, ambições inadequadas, desejos quase proibidos. Que se resumem tão facilmente num sentimento delicado, cheio de sintonia, familiaridade e emoção.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ela só quer planar


No fim das contas, ela é simples. É isso mesmo. Límpida, translúcida, mineral. Eu é que tento aplicar teorias loucas e mal estruturadas em seu comportamento. Sim, numa busca constante por explicações. Numa busca por aquele sorriso fácil e tentador, que volta e meia faz curva em seu rosto. Numa busca constante de porquês, que talvez nem ela procure.

Não procura porque não gosta de entrar em labirintos. Quando entra é porque se deixa levar. E sendo levada ela desmancha no ar, paira sem que ninguém a segure. Por isso, todas as teorias são inaplicáveis em seu caso.

De repente, nesses voos musicais ela se desencanta e deixa-se abater por um peso. Pronto. A lei da gravidade incide sobre seu corpo e ela volta. Retorna para o conforto clínico de alguém que tenta explicá-la. No retorno ao chão dos mortais traz o peso da angústia.

Na verdade ela não busca explicações. Só procura um conforto terreno. Um lugar onde possa descarregar o que a incomoda. Enquanto não arranja outro vento para carregá-la mais um pouquinho diverte-se com a insistência dos falsos teoremas, que tentam embrenhar-se em suas ideias.

A angústia, ela própria, sabe que não pode permanecer naquele corpo por muito tempo. De um minuto a outro é expulsa e se resigna a sair calmamente quando sente o dedo lhe tocar o ombro. O dedo de um ventinho traiçoeiro que dá as primeiras brisas leves e consegue atormentar imediatamente. Angústia foi embora e ela está planando novamente, deixando-se levar como uma fumaça, que sai da chaminé e embrenha-se no céu sem saber se é nuvem ou fumaça. Se é guiada ou está guiando. Se é ser ou somente céu.


Letícia Caroline

segunda-feira, 17 de agosto de 2009



Ficou mais fácil abrir os olhos e enxergar um lugar no mundo pra mim. Mesmo não tendo uma mão segurando a minha, vivo um amor desajeitado, desarrumado e estranhamente colorido. Criou um laço extenso e firme no meio da minha alma, bem no coração. E hoje, isso me faz suficientemente feliz.