domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre eu, você e o passado

Dizer o que depois do que foi dito?
Argumentar o que?
Eu não amei aquele cara, eu tenho certeza disso.
Mas era o que?
Eu estava feliz, estava tranqüila, bem sintonizada.
Não era amor.
Não, não era.
Era uma sorte, uma travessura, uma sacanagem, dois celulares desligados...
Não, não era amor
Era inverno, prazer e medo
Não era amor
Era melhor!


do filme Divã.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não brinque comigo

Isso vai doer nele, vai doer nele não ser homem para ela e tentará não mostrar que está sangrando. Seguirá caminhando com a cabeça erguida até o fim da cicatriz, até que o joelho de sua boca canse de sangrar o mesmo sangue.

Tudo foi brincadeira porque ela zombou da possibilidade do amor e ele se acovardou e calçou novamente os sapatos e se viu nu enquanto ela ia e recolheu os cabelos que cresciam de seus cílios.

Tudo foi brincadeira, o pescoço de hortelã, as infâncias sentadas no portão de ferro controlando a cor dos carros, a fome esquecida para ficar mais tempo juntos.

Tudo foi brincadeira, a cumplicidade, a intimidade. O período em que fiavam seus segredos, que se confessaram como nunca antes, que se abriram como amantes.

Tudo foi brincadeira, tudo será sempre uma brincadeira sádica, uma brincadeira cruel, quando apenas um dos dois estiver amando.

Carpinejar, do livro Canalha!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tédio

Minhas banalidades não lhes interessam, e dificilmente eu poderia culpá-los por isso. Agora, tudo isso é história antiga. Mas o que mais eu tenho a oferecer? Nada de novo me acontece.

Novos tempos

Agora ela sabe que viver ao lado deles não é o que a mantém viva. O coração se aperta na despedida e rosto se enxarca de lágrimas, é inevitável. Encontrou um estranho conforto em si mesma. No meio das malas que mal cabem no quarto improvisado. Eles são parte da razão da vida, da base, da sobrevivência. São deles os abraços cheios de braços, os pensamentos de olhos fechados, os 'eu te amo' de todas as noites. Porém, já não presenciam os sorrisos das manhãs, as refeições à mesa, dos esquentas para a noitada. Talvez ela tenha encontrado um ponto de equilíbrio, ou já não pode perceber que essa balança está quebrada.