domingo, 10 de janeiro de 2010

Respostas

Passei dias pensando em algo pra lhe falar. Algo que respondesse as suas perguntas. Mas minha cabeça nunca é objetiva suficiente para tuas dúvidas. Vivi doze meses ao teu lado, no que simulava uma sessão de terapia sem fim. Onde os encontros e desencontros entre os teus vários "EU" eram vários, que sempre tiravam o meu eu do lugar. E dai eu tinha que flutuar acima de você pra me encontrar. Nunca consegui decifrar qual de você gostava de mim. Mas o meu eu gostava de todos você.
As vezes era frustrante te ver em crise, te ver cheio de perguntas e comentários sobre um mundo que não era o meu, e bem, nem sei se é o teu. Toda a tua articulação com palavras, músicas e letras era tão fascinante que eu só pensava em não desperdiçar nenhum momento daquele pensando em mim. O meu eu vinha depois. Sozinha no quarto, com a cabeça no travesseiro, fotografando na memória cada momento, cada palavra, cada gesto.
Infelizmente, minha mente aberta parecia não ser tão aberta quanto a sua. Teus planos eram tão frios pra mim. O principal, de não se apegar, não funcionaria. Não existia fundamento pra isso. E isso fazia com que o meu eu se perdesse de novo.
Você exercia um fascínio imenso sobre mim, beirava paixão. O apego da minha parte aconteceu, e está vivo até hoje. Eu cheguei a acreditar em amor. Mas amor não podia ser real e não era.
Alguns dos seus "EU" me faziam bem. Eu era feliz tentando decifra-los, tentando construir teorias para cada comportamento, cada forma de agir, cada tipo de música que eu era induzida a escutar. Todas as loucuras e formas estranhas de comportamento me desligavam do meu mundo, e me levavam direto para um mundo criado por nós, ou criado por você. Onde eu era estranhamente feliz, e gostava dessa felicidade proporcionada por acasos, risos, planos, cigarros, fumaça, edição de programa. Cada novidade era uma bomba, onde você estava prestes a explodir para compartilhar e eu pronta pra ser atingida por um turbilhão de sensações.
Eu gostava de você. Gostava de estar com você. A saudade muitas vezes me pegou e me virou do avesso, mas você me fez visualizar teu espaço, e eu aprendi a respeitar teus tempos, assim descobri os meus. Queria ter mais evidências da nossa história. São tantas lembranças que ficam apenas na memória, e que rolam pro coração virando sorriso, lágrimas ou declarações. Considere-se amado por mim. Num tempo em que eu acreditava em amores impossíveis.

Um comentário:

Taiane Carvalheiro disse...

Você escreve muito bem... E sei exatamente o que se sente quando tentamos fazer os sentimentos passarem despercebidos, como se tivessémos o poder de não sentir, de controlar, de racionalizar o impossível... Pois é, tentamos acreditar que não somos apenas humanos, chegando a ser até patética nossas ações... Mas se te servir como consolo, não passa o sentimento fica lá sempre a beira do coração, da saudade e principalmente da insanidade!!!

Beijos garota...