quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Tipo felizes para sempre


A menina não sabia bem o que acontecia. Ela o viu apenas uma vez. Mas aqueles olhos marcaram tanto, que era como se ela visse o mundo através do azul dos olhos dele. Ele nunca era muito cordial. Não parecia muito interessado no interesse dela. A menina ficava triste. Afinal aquele menino de cabelos cacheados, havia dado um novo rumo para a vida dela. Ela acordou de um pesadelo. De uma perseguição. Uma coisa que já não existia mais. Nada muito grande e significativo. Nenhum sentimento aparente. Apenas uma mudança de perspectiva. Ela sentia que o menino não era ele mesmo por todo o tempo. Oscilava muito. Tinha dias que era carinhoso, gentil, querido, outros, porém, tão seco e rude que nem falava com ela. Mas a menina não desistia. Ela não queria ser chata. Ela queria dar atenção e carinho pro menino. Mas até hoje ela não sabe se ele entendeu que era isso que ela queria.

Eles combinaram de se encontrar. Essa seria a segunda vez que eles se viriam. Marcaram num dia de trabalho, um dia comum. No inicio da noite, no meio do caminho entre a casa deles. A menina no fundo sabia que ele não era aquele dos contos de fadas. O sapo que depois de beijado vira príncipe. (se bem que com aquela carinha linda era difícil acreditar). Mas do mesmo jeito decidiu ir encontrar o menino. Estava nervosa e impaciente. A colina em que morava parecia cada minuto mais alta. Suas mãos tremiam, não conseguia comer, sentia um frio na barriga. Tudo isso desde a hora em que levantou da cama até o instante em que viu o cabelo cacheado do menino de olhos azuis parado ali na esquina. Um alívio. Ele veio! Nem parecia tão sapo assim, pensou. Era ele...

A menina incontida por um sorriso de orelha a orelha. Porém não conseguiu pronunciar nem meia dúzia de palavras. Suas mãos ainda tremiam, o frio na barriga aumentara, mas agora era por ver aqueles olhos ali, bem na sua frente. E ouvir aquela voz seca e sedutora. Faltava algo. Ela sabia que não demoraria. Logo o menino sentou ao seu lado, a abraçou e lhe deu um beijo. Era o que faltava. Um beijo. O beijo era quente, parecido. A menina ficara sem ação. Mas gostava. Gostava do jeito como ele a tratava. Ela como menina, ele como professor.

No fim da noite, depois do ultimo beijo, a menina agora tinha certeza de que ele não era o príncipe. Mas era um sapo tão doce e galanteador, mais ensaboado do que doce. Fácil de escapar. Ele dela, mas não ela dele. O menino envolveu a menina. A seduziu. E ela se segurava em tudo que podia, desviava ao máximo o olhar, tudo isso por medo de ser abduzida por aquelas naves azuis em sua face. Naves azuis sempre a seduziram. Impossível. Ele é um sapo. Talvez um belo sapo, e ela, bem, ela é a menina do alto da colina.

Meninas da colina e sapos não formam um casal do tipo felizes para sempre. Talvez nos sonhos e nas histórias. Talvez nas ruas e nos quartos. Nos beijos e carinhos. Mas pra vida real, não. Não pra realidade deles. Não pra vida deles. Não pra atração entre eles.

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