sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Virada

E ela bem que tenta. Começa e recomeça.

Muda a disposição dos móveis no quarto, troca as cortinas, compra outros incensos. O sol mantém o quarto aquecido. E ela se arruma por dentro. Tira o que está estragado, joga fora o que hoje é lixo e re-organiza o relicário chamado coração. Diante do dia lindo lá fora, com as portas do guarda roupa abertas, ela escolhe seu melhor figurino. Calça escura, uma camisa social branca. Prende o cabelo num delicado coque no lado direto e coloca em cima dele uma flor. Pronto. O resto não importa. Ela se olha no espelho e vê o que sempre foi. A insana personagem de casca endurecida pelos amores infindáveis, pelos paradigmas familiares, pelos sonhos confusos. Está pronta para mais uma dose de ventania e perdição. As vezes estar sem rumo funciona pra ela. É uma leveza difícil de entender.

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