"Sara, minha querida:
Os atores são réplicas. Eles simulam a atividade humana com tal excelência que, vistos daqui, são melhores, mais redondos, mais exatos que os seres humanos. O que fazemos todos os dias, assim cheios de pontas irresolvidas, os atores imitam com tal minúcia que se tornam eles próprios a alma do gesto. Réplicas concentradas da atividade humana.
Mas ponha-se um ator à solta: o fantasma respira mal sem texto; ele procura na calçada o limite do palco, inquieta-se com a indiferença da plateia, corre atrás da cortina, que não há; lembra-se de fragmentos de texto e de gesto, em busca de uma impossível unidade, de um suave arrendodamentoda vida que não está em lugar nenhum, exceto no tempo da peça.
Amanhece em Curitiba. O que eu quero com essas cartas que não posso entregar?".
Trecho de "Uma noite em Curitiba", de Cristóvão Tezza.
como pode falar tanto de mim?
Cor, linha e poesia
Há 4 anos
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