terça-feira, 28 de julho de 2009

Olhando calmemente pela janela de frente a minha mesa, posso ver, numa tarde desesperançosa, pontinhos luminosos no céu escuro da cidade. É quase animador. Entenda, o frio e a chuva são pra mim, injeções de reflexões. Tempos de descobertas, de formulações, de desorientação. Talvez eu não saiba lidar com isso da forma que eu imaginava que seria. Parecia tão fácil me desligar. Hoje eu entendo claramento o sentido de todas aquelas frases que levaram meu sono por algumas noites. Agora eu já sei. Mas do mesmo jeito, motivos não imitam ações. Eu mesma, sem perceber, tenho alimentado essa confusão entre desejo e realidade. Confundindo emoções, razões e objetivos. Devo admitir, essa é uma boa hora de traçar um novo plano. Sinto que o passado está mais perto do que pensava. E os olhos em minha volta parecem ver exatamente isso. Uma coisa que eu não havia levado em consideração. Por hora, sem teorias. Apenas emoções!

terça-feira, 14 de julho de 2009

"Sara, minha querida:
Os atores são réplicas. Eles simulam a atividade humana com tal excelência que, vistos daqui, são melhores, mais redondos, mais exatos que os seres humanos. O que fazemos todos os dias, assim cheios de pontas irresolvidas, os atores imitam com tal minúcia que se tornam eles próprios a alma do gesto. Réplicas concentradas da atividade humana.
Mas ponha-se um ator à solta: o fantasma respira mal sem texto; ele procura na calçada o limite do palco, inquieta-se com a indiferença da plateia, corre atrás da cortina, que não há; lembra-se de fragmentos de texto e de gesto, em busca de uma impossível unidade, de um suave arrendodamentoda vida que não está em lugar nenhum, exceto no tempo da peça.
Amanhece em Curitiba. O que eu quero com essas cartas que não posso entregar?".

Trecho de "Uma noite em Curitiba", de Cristóvão Tezza.

como pode falar tanto de mim?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

As tantas teorias já formuladas paracem não valer nada diante da minha imagem refeltida no espelho. Sim, quantas perguntas eu já me fiz, e quantas respostas eu incansávelmente procurei? Fechar os olhos e imaginar passos, abraços, noites inteiras descritas dentro de uma agenda de capa vermelha. Músicas que ficam na cabeça e me fazem dançar pelo quarto, sala e cozinha. Dizem que aqueles que tem muito conhecimento, encontram várias palavras para designar um único sentimento. Será isso? Mas como ser um só sentimento? Acordei hoje com a sensação de que o espaço é maior, e que nele cabem muito mais lembranças do que realidade...