segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Calmaria


Calma!


Essa é a palavra de ordem na casa nesse momento.
Menina olhe-se no espelho, abra sua mala, veja! Já passou por isso tantas outras vezes. Porque esse desespero inútil. Tudo passa. As coisas boas e ruins. Nada fica aqui. Nada será eterno.
É isso que te assusta? Os planos indo pelo ralo? Levando sujeira, levando graça, amor. Você saberia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Sabia que não era o tipo de caso de envolver-se sentimentalmente. E agora? Estás angustiada porque ele te evita? Ele te ignora, te procura apenas quando precisa de algo? Sabes como é. Já disse você já teve essa experiência.
Não é só sua cabeça que passa por um turbilhão. O coração também dá sinais. Ouça o que eu digo. Você pode estar apaixonada. Ele sempre fez seu tipo, admita! E não seja tola. Não mais essa vez. Chega! Já tem coisas demais para carregar contigo. Não se deixe humilhar. Não seja pisada. Não seja usada. E se for, humilhe, pise, use! Aproveite de todo o seu poder. Toda sua ira. Seja irresistível.
Esse não é um gostar de acelerar o coração. Aquele por qual você daria a sua vida. Não, pelo contrário. Você deseja a vida. É um apego. É um livro de romance, aventura e ficção. Tudo de uma só vez. Vivido pelos mesmos personagens, e tem como estrela principal ELE, quando deveria ser você. Mas tudo bem. Você sabe que isso tudo quer dizer, você vai crescer mais um pouco. Vai se tornar a mulher que ele não te fez. E isso será o mais delicioso. Pelas próprias mãos.


Cresça e apareça menina. Ele verá a mulher que deixou pra trás.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Distrair-se por favor!

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta. Eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas, falando e rindo. Falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.



Clarice Lispector
(minha musa, vai estar pra sempre em mim)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer

Andava a passos raros,
um pouco largos,
talvez leves
Pernas que balançavam...
Balançava os braços,
o quadril
balançava meu coração
Desviava os olhos,
tirava a concentração
dava ar ao nervosismo
Ria como uma criança
me fazia rir como uma tola
sorrisos que se encontravam
Um desconhecido sentado a mesa
garrafas de bebida
copos inundados de desejos
Encorajar-se?
apenas um mês depois
E agora que tomou todos os rumos
invadiu quarto, sala, banheiro e cozinha
eu não sei viver sem
não sei mandar embora
Enraizou-se como erva daninha
e não posso matar
afinal, mataria um pouco de mim também
mas veja, quem é que não mata um pouco de si?
A velha e conhecida dor bate a porta
e aquele misto de sentimentos vem a tona
Dor de um coração apertado
por saber que se tem amor,
e que não se sabe amar!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Deliciosa confusão


E essa intimidade forçada no inicio, agora se traduz em sensações não desejadas.
A chuva só serve pra me confundir.Eu penso, penso muito.
E no fim, sempre chego na mesma conclusão. O que me deixa maluca.
Como pode tudo isso estar acontecendo?
O que nos motiva a fazer isto? Não consigo! Coloco todas as minhas teorias de relacionamento em ação, mas nenhuma se encaixa. Não faz sentido. E isso nunca me assustou tanto.

Verdade, assusta. Isso não é amor, não é paixão
É como um romance sem passar por testes. Sem ser colocados a prova.
Não cobrar, não magoar. Sem interferir.
É compreender que cada um tem a sua vida. Cada um tem sua realidade. E bem...colocadas lado a lado, elas são um tanto diferentes. Complicadas.
E agora parece que eu sinto teu cheiro por cada lugar que eu vou. Loucura!

Talvez seja preciso formular uma nova teoria pra isso. Tentar explicar.
Pensando bem... pode ser que não precise de explicação. Que tudo isso é assim porque tem que ser assim. Não temos nada que nos prenda. E talvez por isso nos sentimos presos. Não há exigencias, então fica mais gostoso, mais fácil.



Pode ser que não passe. Pode ser que nunca acabe.
Pode ser que amanhã eu não te veja mais.
Pode ser que eu nunca descubra o que eu sinto. E o que você sente.
E essa é a grande magia.
Pode até me abandonar, mas não me engana nunca!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Será

E se não fosse brincadeira
Qual seria sua reação?
Como suas palavras sairiam de sua boca e chegariam aos meus ouvidos?
Difícil é disfarçar essa coisa doida que acontece. E que eu não sinto só.
Você sente, mas não descobriu ainda.
É perceptível.

E se não fosse só amizade?
E se todos os meus planos criados pela fértil imaginação fossem sinais, do consciente, ou do subconsciente... Sinais de desejo, de vontades.
Seus olhos continuariam a me fitar enquanto danço?
Você teria a descrição exata de todos os meus passos naquela noite? Das bebidas que tomei, dos risos que eu dei, dos homens que beijei?
Você deve sentir minha reclusão. Meus passos de ré. Medo, ou vergonha, de encarar tal situação. Mas eu sei que sente.

E se fosse amor?
E se todos esses olhares, esses controles, essas preocupações são só pra dizer que você sente também?
Se essas colação em mim, nos meus horários, na minha alimentação, fossem pra te aproximar. Arranjar motivos e desculpas para estar perto. Para ter assunto. Para rir comigo?
E aquele silencio de palavras que ninguém espera. Mas por dentro, pelo corpo, pelos olhos, pela boca, faltam espaços para tantas sensações. Para tantos pensamentos.
Os olhos baixos. Brilhantes. Olhando um no outro. E o maior sinal, é o teu sorriso, que se abre sempre quando essa cena acontece.

E se esse mesmo sorriso for a forma de dizer que eu te quero?
Nossos olhos se encontrariam de novo?
Aquele mar de sensações viria a tona dessa vez?
Não há outra explicação. Nada mais me faria ficar por horas paradas aos teus pés, te olhando, te admirando, te desejando.
Analisando teus movimentos. Teus sinais. Teus efeitos.
Pensando em como eu quero isso pra mim. Pra minha vida. Pra minha sobrevivência.
O sorriso é a forma de dizer que eu te quero.
E te espero.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pra ele

Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de um bolero
Eu fui sincero
Como não se pode ser

Um erro assim tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E, quando acaba a bebedeira,
Ele consegue nos achar

Num bar
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro,
E uma cara embriagada no espelho do banheiro

Ana... Teus lábios são labirintos... Ana
Que atraem os meus instintos mais sacanas
O teu olhar sempre distante sempre me engana

Ana... Teus lábios são labirintos... Ana
Eu sigo a tua pista todo o dia da semana
Eu entro sempre na tua dança de cigana

Ana... Teus lábios são labirintos... Ana
Que atraem os meus instintos mais sacanas
E o teu olhar sempre distante sempre me engana
E eu sigo a tua pista todo o dia da semana
O que eu falei foi sem pensar...
Foi sem pensar.



Refrão de Bolero
Engenheiros do Hawaii

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Declaração


É estranho olhar pra você e perceber que eu ainda te desejo. Já faz tanto tempo... Poucas coisas mudaram. Mas foram de grande significado. Desde novinha eu sonhava com uma pessoa. Imaginava como ela seria, como me trataria. Jeito de falar, jeito de me olhar. Os sonhos, as coisas boas que traz consigo. O alto astral, o bum humor, a imaginação.
Faz quase dois anos, eu sei.Talvez você nunca leia isso. Talvez eu não tenha coragem de um dia lhe falar essas coisas.
Mas o que importa é que eu ainda gosto de ti. Sim. Aos poucos a gente descobre o que pensa, e o que sente. Meses depois é que eu fui perceber que você era aquele homem. O cara dos meus planos. Dos sonhos. Aquele que eu imaginei encontrar e ser feliz para sempre. Triste fim. Fiz uma das maiores burradas da minha vida. Senão a maior. Joguei tudo pro alto sem saber o que estava fazendo, e com quem estava lidando. Uma pena.
Tentei ser perfeita enquanto estavamos juntos. Não queria que os meus medos, meus defeitos te assustassem. Naquele tempo tinha medo de mostrar o que eu era. O que eu gostava. Estava a sua disposição. Feita pra te agradar.
Pisei na bola. Não era a hora, mas eu tenho certeza, era o homem certo. Eu não era madura o suficiente pra viver essa vida, viver a tua vida. Um mundo louco, sem hora certa, sem local certo. Vivendo da ocasionalidade. Não dava. Me assustei, o medo de viver outra decepção era maior, mais forte. Falava mais alto do que o pulsar do meu coração.
E eu larguei, sumi. Esbarrei contigo várias vezes. Sabia que aquilo que vivemos não seria mais igual. Mostrei então meu lado mais mulher, mais sedutora, aquele lado escondido e receoso. Foi o suficiente pra te ter por mais um mês. E depois, mais nada. Nem as caminhadas. Nem as conversas. Nem mesmo as mensagens.
Foi só eu ouvir que você ia embora pra eu estremecer de novo. Vir a tona todo aquele sentimento de culpa. Todo aquele amor que eu achei que tinha passado. Mas veja bem, acho que não é pra ser mesmo. Ou sei lá o que... Deus não permitiria tanto amor a um humano se ele não pudesse amar. Então, alguém me ajude. Alguém explica isso? Porque você não volta e diz que sente o mesmo por mim?
Fico louca, me perco nos passos. E não é raro eu me pegar pensando em você.
(Larga tudo e vem correndo, pra eu mergulhar no teu sorriso, me arranca desse inferno, me leva pro teu paraiso)